sábado, 15 de agosto de 2015

Reforma Protestante

Introdução

Durante a Idade Média a Igreja Católica se tornou muito poderosa, interferindo nas decisões políticas e juntando altas somas em dinheiro e terras apoiada pelo sistema feudal.  Desta forma, ela se distanciava de seus ensinamentos básicos e caia em contradição.
A igreja católica condenava a burguesia comercial (em plena expansão no século XVI) porque o lucro e os juros, típicos de um capitalismo emergente, eram vistos como práticas condenáveis pelos clérigos católicos.
Por outro lado, o papa arrecadava dinheiro para a construção da basílica de São Pedro em Roma, com a venda das indulgências (=venda do perdão) - o que seria o motivo direto da contestação de Martinho Lutero, que deflagrou a Reforma Protestante.

A Reforma protestante foi um movimento de retorno aos padrões bíblicos do Novo Testamento.



Causas

1)     Fatores religiosos:
Corrupção do clero religioso: para ganhar dinheiro, o alto clero de Roma iludia a boa fé das pessoas através do comércio de relíquias sagradas. Milhares de pessoas eram enganadas comprando espinhos que coroaram a fronte de Cristo, panos embebidos pelo sangue do rosto do Salvador, objetos pessoais dos santos etc. Além desse Comércio fraudulento, a Igreja passou a vender, também, indulgencias, isto é, o perdão dos pecados. Mediante um bom pagamento, destinado a financiar obras da Igreja, os fiéis poderiam comprar a salvação e a entrada para o céu.

Ignorância do clero: a maior parte dos sacerdotes desconhecia a própria doutrina católica e demonstrava absoluta falta de preparo para funções religiosas. A ignorância e o mau comportamento do clero representavam sério problema, pois a Igreja dizia que os sacerdotes eram os intermediários entre os homens e Deus. Ora, se esses intermediários se mostravam ignorantes e incompetentes, era preciso buscar novos caminhos para o encontro com Deus.

           
2)     Fatores Socioeconômicos:
A Igreja católica, durante o período medieval, condenava o lucro excessivo (a usura) e defendia o preço justo. Essa moral econômica entrava em choque com a ganância da burguesia. Grande número de comerciantes não se sentia à vontade para extrair o lucro máximo. Viviam ameaçados com o inferno.

Os interessados nos lucros do comércio sentiram a necessidade de urna nova ética religiosa, mais adequada á época de expansão comercial e de transição do feudalismo para o capitalismo. Como veremos mais adiante, a ética protestante mostrou-se bem mais identificada com o espírito dos tempos modernos.

3)     Fatores políticos:
Com o fortalecimento das monarquias nacionais, os reis passaram a encarar a Igreja, que tinha sede no Vaticano e utilizava o latim, como entidade estrangeira que interferia em seus países. A Igreja, por seu lado, insistia em se apresentar como instituição universal que unia o mundo cristão.

Essa noção de universalidade, entretanto, perdia força, pois crescia o sentimento nacionalista. Cada Estado, com sua língua, seu povo e suas tradições, estava mais interessado em afirmar suas diferenças em relação a outros Estados do que suas semelhanças. A Reforma Protestante correspondeu a esses interesses nacionalistas. Exemplo: a doutrina cristã dos reformadores foi divulgada na língua nacional de cada país e não em latim, o idioma oficial da Igreja.



Como aconteceu

Nada na história (como na vida) acontece repentinamente.

A Reforma aconteceu, também, aos poucos, a insatisfação e as dúvidas em relação à igreja católica foi aumentando ao poucos.

Surgiram alguns homens que podemos considerar como pré-reformadores como:

1)     John Wycliff (na Inglaterra), no século XIV (1384).
2)     John Huss (na Boêmia), no século XV (1415).
3)     Jerônimo Savanarola (na Itália), no século XV (1498).


E a Reforma Protestante aconteceu, no século XVI na Alemanha quando o frade agostiniano Martinho Lutero afixou as 95 teses nas portas da igreja do castelo de Wittenberg.


Foi no dia 31 de outubro de 1517, véspera do dia de “todos os santos”, quando milhares peregrinos corriam para Wittenberg para a comemoração do feriado do "dia de todos os santos e finados", 01 e 02 de novembro.

Era costume pregar nos lugares públicos os avisos e comunicados. Lutero aproveitou a oportunidade e, através de suas teses, combatia as indulgências que eram vendidas por João Tetzel com a falsa promessa de muitos benefícios. Ele dizia que, se alguém comprasse uma indulgência para um parente falecido, "no momento em que a moeda tocasse no fundo do cofre a alma saltava do inferno e ia direto para o céu".

A Reforma começou na Alemanha, mas logo, se espalhou para outros países como Inglaterra, Suíça, França, Escócia, etc. Em cada país podemos destacar um líder que levou avante este movimento.


Principais reformadores

1)     Martinho de Lutero (1483/1546) – Alemanha
2)     João Calvino (1509/1564) – França/Suíça
3)     Huldreich Zwinglio (1484/1531) – Suíça













Principais doutrinas defendidas por Lutero

a) Justificação pela fé
Baseado nos ensinos de Paulo, ele ensinava que o homem não é           justificado pelas suas obras, mas pela fé em Jesus Cristo.
  
b) A infalibilidade da Bíblia.
Lutero considerava a Bíblia infalível e acima de toda e qualquer tradição religiosa. Enquanto a Igreja Católica Romana defendia a ideia de que o papa era infalível e a Bíblia era sujeita à sua interpretação, Lutero afirmava que A Bíblia estava acima do papa, pois ela é a Palavra de Deus inspirada pelo Espírito Santo.

c) Sacerdócio de todos os crentes. 
Lutero negava o conceito que afirmava ter o papa poderes sobrenaturais como intermediário entre o povo e Deus. Ele defendia a ideia de que todo crente é um sacerdote e tem livre acesso à presença de Deus. Não precisamos de um intermediário, o único intermediário entre o homem e Deus é o Senhor Jesus Cristo.



Principais consequências

  • Diminuição da influência e do poder da Igreja Católica na Europa;

  • Diminuição da interferência da Igreja Católica no poder político dos monarcas;

  • Surgimento de novas igrejas cristãs como, por exemplo, Igreja Anglicana (Inglaterra), Igreja Luterana (Alemanha) e Igreja Calvinista (França);

  • Fortalecimento dos princípios sociais e econômicos da burguesia, que passaram a ser sustentados pela aprovação do lucro (doutrina calvinista);

  • Tradução da Bíblia para outros idiomas, entre eles o alemão e o francês. Desta forma, mais pessoas passaram a ter acesso à leitura da Bíblia;

  • Reação da Igreja Católica (Contra-Reforma) ao movimento de Reforma Protestante. Neste contexto de reação foi reativada a Inquisição, criada a Companhia de Jesus e estabelecido o combate ao protestantismo;

  • Surgimento de conflitos sociais de ordem religiosa, além de perseguições pelo mesmo motivo. Muitos destes conflitos foram estimulados ou tiveram como patrocinadores os monarcas europeus. Em 1572, cerca de 30 mil protestantes foram assassinados por católicos na França. O episódio ficou conhecido como "O Massacre da Noite de São Bartolomeu".



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